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Greve econômica e greve política

por V. I. Lênin


Imagem: SINJUSC


Nos últimos meses, vimos nascer das reivindicações de setores específicos da educação pública brasileiras – tal como os técnicos administrativos (TAEs) –, sob um governo que se valeu desses setores para derrotar seu oponente eleitoral (governo Bolsonaro, declarado inimigo do setor público e da classe trabalhadora como um todo), movimentações que indicavam mais uma intensificação do descontentamento crônico dos trabalhadores da educação do setor público. O que, inicialmente parecia ser só um foco de lutas, acabou por arrastar demais setores do serviço público brasileiro ligados direta ou indiretamente à educação pública brasileira e se configurou numa greve nacional, que hoje se tornou um impasse para as cúpulas estatais reformistas.

Muitos segmentos ligados organicamente ou não a essa cúpula reformista, trataram de atacar a greve como se ela não nascesse de feridas objetivas e históricas das inúmeras gestões burguesas que o estado brasileiro já assistiu, acusaram-na de “ameaçar a democracia”, demonstrando que para muitos desses setores reféns dos acordos de gabinete, democracia é sinônimo de silêncio dos trabalhadores. A greve está aí, como sempre esteve em gestões supostamente progressistas e como esteve visceralmente nos anos em que Temer e Bolsonaro estiveram à frente do projeto (des)educacional do Estado brasileiro. E, principalmente, a greve está aí pois os problemas ainda estão aí e mais vivos que as promessas progressistas de valorização dos profissionais da educação.

E momentos como esses, são educativos para a classe, pois obrigam os trabalhadores a se desvencilhar, mesmo que momentaneamente, das ilusões perpetradas pela dinâmica social capitalistas, levando-os, como disse Marx, “a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas”.

Em 22 de abril de 2024 tivemos mais um aniversário de um dos maiores dirigentes revolucionários marxista que formulou sobre as greves da classe trabalhadora mundial e organizou revoltas como essa que vemos: Vladímir Lênin. Apesar da idade centenária, seu pensamento ainda possui a cor de um adolescente que acorda para a complexidade da vida e desvela os problemas por trás das falsificações. Para nos ajudar a entender as greves de nosso tempo, busquemos em seus escritos o que existe de universal na classe, na luta e nos inimigos que devemos derrotar.


Toda força aos grevistas!


Com a palavra, Lênin:


Prólogo por Rafael Jácome.

Tradução por Edições Avante!.

Revisão de tradução por Pedro Badô.


Desde 1905, nas estatísticas oficiais das greves realizadas pelo Ministério do Comércio e da Indústria, foi estabelecida uma divisão permanente das greves em econômicas e políticas. Foi a vida que, gerando formas peculiares do movimento grevista, obrigou a estabelecer essa divisão. A combinação da greve econômica e da greve política é um dos traços principais desta peculiaridade. E atualmente, com a reanimação do movimento grevista, os interesses científicos, os interesses de uma atitude consciente frente aos acontecimentos, exigem que os operários analisem atentamente este traço peculiar do movimento grevista russo.

Em primeiro lugar, citemos alguns números fundamentais tomados da estatística governamental das greves. Durante três anos, 1905-1907, o movimento grevista russo atingiu um nível que o mundo nunca tinha visto antes. A estatística governamental considera apenas as fábricas e grandes indústrias, de modo que as empresas de mineração, as ferrovias, a construção civil e muitos outros ramos do trabalho assalariado não são contados. Ainda assim, só nas fábricas e grandes indústrias, em 1905 entraram em greve 2 milhões e 863 mil pessoas, isto é, quase 3 milhões; em 1906, 1 milhão e 108 mil; e em 1907, 740 mil. Durante os quinze anos entre 1894 e 1908, período em que se começou a elaborar sistematicamente a estatística das greves na Europa, o maior número de grevistas num ano foi atingido na América — 660 mil.

Consequentemente, os operários russos foram os primeiros no mundo a desenvolver uma luta grevista de massas como a que vimos em 1905-1907. Agora, no campo da greve econômica, os operários ingleses deram um novo grande impulso ao movimento. O papel de vanguarda dos operários russos explica-se não pelo fato de eles serem mais fortes, mais organizados, mais desenvolvidos que os da Europa ocidental, mas pelo fato de que na Europa ainda não houve grandes crises nacionais com uma participação independente das massas proletárias. Quando essas crises surgirem, as greves de massas na Europa serão ainda mais fortes do que na Rússia em 1905.

Mas qual era a relação entre a greve econômica e a greve política nessa época? A estatística governamental dá a seguinte resposta:


Número de grevistas em milhares


1905

1906

1907

Greves econômicas

1439

458

200

Greves políticas

1424

650

540

Total

2863

1108

740

Por aí se vê a ligação estreita e indissolúvel entre os dois tipos de greves. O ponto mais alto do movimento (1905) caracteriza-se pela mais ampla base econômica da luta: a greve política deste ano assenta sobre a base consistente e sólida da greve econômica. O número de grevistas econômicos é superior ao número de grevistas políticos.

Com o declínio do movimento, em 1906 e 1907, vemos o enfraquecimento da base econômica: o número de grevistas econômicos reduz-se para 4/10 do número total de grevistas em 1906 e para 3/10 em 1907. As greves econômicas e as políticas, portanto, apoiam-se mutuamente, constituindo uma fonte de força uma para a outra. Sem uma estreita ligação entre estas duas formas de greves, é impossível um movimento realmente amplo, de massas, e que, além disso, adquira uma importância popular. No início de um movimento, a greve econômica frequentemente tem a capacidade de despertar e agitar os atrasados, de generalizar o movimento, de elevá-lo a um grau superior.

Por exemplo, no primeiro trimestre de 1905 a greve econômica predominou nitidamente sobre a greve política: a primeira contou 604 mil grevistas, a segunda apenas 206 mil. Mas no último trimestre de 1905 a relação inverteu-se: as greves econômicas respondem 430 mil grevistas e as greves políticas por 847 mil. Isto significa que, no início do movimento, muitos operários colocavam em primeiro plano a luta econômica, enquanto no período de maior ascensão, se verificou o contrário. Mas a ligação entre a greve econômica e a greve política sempre existiu. Sem essa ligação, repetimos, é impossível um movimento verdadeiramente grande e que realize grandes objetivos.

Durante uma greve política, a classe operária se destaca como classe de vanguarda de todo o povo. O proletariado desempenha, em tais circunstâncias, não apenas o papel de uma das classes da sociedade burguesa, mas também o papel hegemônico, isto é, de dirigente, de vanguarda, de líder. As ideias políticas que se revelam no movimento têm um carácter popular, isto é, afetam as condições fundamentais, as condições mais profundas da vida política de todo o país. Este carácter da greve política — como observam todos os investigadores científicos da época de 1905-1907 — interessava no movimento todas as classes e em particular, naturalmente, as camadas mais amplas, numerosas e democráticas da população, o campesinato, etc.

Por outro lado, sem reivindicações econômicas, sem a melhoria direta e imediata da sua situação, a massa dos trabalhadores nunca concordará em imaginar o "progresso" geral do país. A massa é atraída para o movimento, participa energicamente dele, dá-lhe grande valor e desenvolve o heroísmo, a abnegação, a perseverança e a entrega a uma grande causa apenas com a melhoria da situação econômica do trabalhador. As coisas não podem ser de outro modo, pois as condições de vida dos operários em tempos "normais" são incrivelmente duras. Ao mesmo tempo em que busca uma melhoria das condições de vida, a classe operária eleva-se também ao mesmo tempo moral, intelectual e politicamente, torna-se mais capaz de realizar os seus grandes objetivos de libertação.

As estatísticas das greves, publicadas pelo Ministério do Comércio e da Indústria, confirmam plenamente essa importância gigantesca da luta econômica dos operários numa época de reanimação geral. Quanto mais forte é a pressão dos operários, mais serão as melhorias de vida que eles alcançarão. Tanto a "simpatia da sociedade" como a melhoria da vida são resultado de um elevado desenvolvimento da luta. Se os liberais (e os liquidacionistas) dizem aos operários: vocês são fortes quando têm a simpatia da "sociedade", um marxista diz aos operários uma coisa diferente: a "sociedade" simpatiza com vocês quando são fortes. Por sociedade deve entender-se, neste caso, como todas as camadas democráticas da população, a pequena burguesia, os camponeses, a intelectualidade em estreito contato com a vida operária, os empregados, etc.

Foi em 1905 que o movimento grevista foi mais forte. E que se vê? Vemos que foi neste ano que os operários mais melhoraram suas vidas. As estatísticas governamentais mostram que de cada 100 grevistas, em 1905, apenas 29 terminaram a luta sem terem alcançado nada, isto é, sofreram uma derrota total. Em 10 anos (1895-1904), 52 grevistas, de cada 100, terminaram a luta sem ter alcançado nada! Isto quer dizer que o carácter de massas do movimento elevou o êxito da luta em proporções gigantescas, quase o dobro.

E quando o movimento começou a enfraquecer, começou a diminuir também o êxito da luta: em 1906, de cada 100 grevistas, 33 terminaram a luta sem terem alcançado nada, ou melhor, foram derrotados; em 1907, foram 58; em 1908, 69 de cada cem!!

Assim, os dados científicos das estatísticas de toda uma série de anos confirmam plenamente a própria experiência e as observações de cada operário consciente quanto à necessidade de unir a greve econômica e a greve política e à inevitabilidade dessa união resultar num movimento realmente amplo e popular.

A atual onda do movimento grevista também confirma plenamente esta conclusão. Em 1911 o número de grevistas duplicou em relação a 1910 (100 mil contra 50 mil), mas, mesmo assim, este número era extremamente baixo; as greves puramente econômicas mantiveram-se relativamente "estreitas", não alcançando ainda uma importância popular. Pelo contrário, todos vêm agora que o movimento grevista deste ano, depois dos conhecidos acontecimentos de abril[1], adquiriu exatamente essa importância.

Por isso, é extremamente importante opor-se totalmente à deturpação que os liberais e os políticos operários liberais (os liquidacionistas) procuram introduzir no caráter do movimento. O liberal sr. Sievieriánin publicou no "Rúskie Védomosti"[2] um artigo contra a "mistura" na greve do dia primeiro de maio de "reivindicações" econômicas ou "quaisquer outras" (assim mesmo!), e o jornal kadete "Rietch"[3] reproduziu com simpatia os pontos essenciais desse artigo.


"Ligar tais greves — escreve o senhor liberal — ao momento do 1° de Maio é, na maioria das vezes, algo infundado... Sim, é mesmo um tanto estranho: festejamos o feriado mundial do trabalho e, nessa ocasião, exigimos um aumento de 10% no madapolão de tais e quais tipos" ("Rietch" n.° 132).


O que é "estranho" para o liberal, é perfeitamente compreensível para o operário. Só os defensores da burguesia e dos seus lucros exorbitantes podem zombar de uma reivindicação de "aumento". E os operários sabem que é exatamente o carácter amplo de uma reivindicação de aumento, é exatamente o carácter abrangente das greves que, mais que tudo, atrai a massa de novos participantes, que, mais que tudo, assegura a força da ofensiva e a simpatia da sociedade, que, mais que tudo, garante tanto o êxito dos próprios operários como o sentido popular do seu movimento. Por isso é necessário lutar resolutamente contra a deturpação liberal pregada pelo sr. Sievieriánin, pelo "Rúskie Védomosti" e pelo "Rietch", e advertir, com todas as forças, os operários contra tão miseráveis conselheiros.

O liquidacionista sr. V. Iêjov, logo no primeiro número do jornal liquidacionista Niévski Gólos[4], faz a mesma deturpação, puramente liberal, embora aborde a questão de um ângulo um pouco diferente. O sr. V. Iêjov detém-se particularmente nas greves provocadas pela multa por participação no primeiro de maio. Referindo justamente à insuficiente organização dos operários, o autor retira dessa justa referência as conclusões mais erradas e mais prejudiciais para os operários.

O sr. Iêjov vê a falta de organização no fato de que numa determinada fábrica fizeram greve simplesmente para protestar, numa outra acrescentaram reivindicações econômicas, etc. Mas, na realidade, nesta variedade de formas das greves não há absolutamente nenhuma falta de organização: é idiota conceber a organização obrigatoriamente como uniformidade! A falta de organização não se encontra de modo nenhum onde o sr. Iêjov a procura. Pior ainda é sua conclusão:


"Devido a isso" (isto é, devido à variedade das greves e às diferentes formas de combinação da economia com a política) "num considerável número de casos, o carácter principal do protesto (afinal, não se faz greve por alguns trocados) minguou, foi complicado por reivindicações econômicas..."


Este é um raciocínio verdadeiramente revoltante, inteiramente falso e inteiramente liberal! Pensar que a reivindicação de "alguns trocados" pode "minguar" o carácter principal do protesto significa descer ao nível de um kadete. Pelo contrário, sr. Iêjov, a reivindicação de "alguns trocados" não merece zombaria, mas de completo reconhecimento! Pelo contrário, sr. Iêjov, essa reivindicação não "mingua", mas reforça o "carácter principal do protesto"! Em primeiro lugar, a questão da melhoria da vida é também uma questão de princípios e uma importantíssima questão de princípios, e, em segundo lugar, eu não enfraqueço, antes reforço o meu protesto quando protesto não contra uma, mas contra duas, três, etc., manifestações de opressão.

Todos os operários rejeitarão com indignação a revoltante deturpação liberal da questão pelo sr. Iêjov.

E isto não é de modo nenhum um lapso do sr. Iêjov. Ele escreve mais adiante coisas ainda mais revoltantes:


"A sua própria experiência deveria ter sugerido aos operários que era inadequado complicar o seu protesto com reivindicações econômicas, tal como complicar uma greve comum com reivindicações de princípios".


Isto é falso, mil vezes falso! É uma vergonha para o Niévski Gólos publicar tais discursos. É absolutamente adequado aquilo que parece inadequado ao sr. Iêjov. E a experiência própria de cada operário, como a experiência de um número muito grande de operários russos no passado recente, diz o contrário daquilo que o sr. Iêjov ensina.

Só os liberais podem protestar contra a "complicação" de uma greve, mesmo a mais "comum", com "reivindicações de princípios"; isto em primeiro lugar. E, em segundo lugar, o nosso liquidacionista engana-se profundamente ao medir o movimento atual com a medida das greves "comuns".

E em vão o sr. Iêjov tenta encobrir o seu contrabando liberal com uma bandeira alheia, em vão ele embrulha a questão da combinação da greve econômica e da greve política com a questão da preparação de uma e da outra! Naturalmente, é muito desejável preparar e preparar-se, além disso, da maneira mais profunda, mais unida, mais coesa, mais ponderada e mais firme possível. Não há discussão sobre isso. Mas é preciso preparar, apesar opinião do sr. Iêjov, precisamente a combinação de ambos os tipos de greves.


"Estamos diante de um período de greves econômicas — escreve o sr. Iêjov —. Seria um erro irreparável se elas se entrelaçassem com as ações políticas dos operários. Tal confusão teria um reflexo nocivo tanto na luta econômica dos operários como na luta política".


Parece que não há mais para onde ir! A queda do liquidacionista ao nível de um vulgar liberal está mais que claramente expressa nestas palavras. Cada frase contém um erro! É preciso transformar cada frase no seu contrário direto para obter a verdade!

É falso que estejamos diante de um período de greves econômicas. Pelo contrário. Estamos diante de um período não só de greves econômicas. Estamos diante de um período de greves políticas. Os fatos, sr. Iêjov, são mais fortes do que as suas deturpações liberais, e se pudesse obter as fichas estatísticas das greves recolhidas no Ministério do Comércio e da Indústria, até essa estatística governamental o desmentiria completamente.

É falso que o "entrelaçamento" seria um erro. Pelo contrário. Seria um erro irreparável se os operários não compreendessem toda a originalidade, todo o significado, toda a necessidade, toda a importância essencial desse "entrelaçamento". Mas os operários, felizmente, compreendem-no perfeitamente e rejeitam com desprezo a pregação dos políticos operários liberais.

É falso, finalmente, que esse entrelaçamento "teria um reflexo nocivo" em ambas as formas. Pelo contrário. Ele tem um reflexo benéfico em ambas. Ele reforça ambas.

O sr. Iêjov ensina a algumas "cabeças quentes" por ele descobertas. Ouçam-no:

"É necessário reforçar organizativamente o estado de espírito das massas operárias"... — Santa verdade! — ... "É necessário intensificar a agitação a favor dos sindicatos, ganhar para eles novos membros...".

Perfeitamente justo, mas... mas, sr. Iêjov, é inadmissível reduzir o "reforço organizativo" apenas aos sindicatos! Lembre-se disto, sr. liquidacionista!


"... Isto é tanto mais necessário quanto entre os operários se encontram agora muitas cabeças quentes, arrebatadas pelo movimento de massas e que nos comícios se pronunciam contra os sindicatos, como se fossem inúteis e desnecessários".


Isto é uma calúnia liberal contra os operários. Não foi "contra os sindicatos" que se pronunciaram os operários, que causaram aborrecimentos e sempre causarão aborrecimentos aos liquidacionistas. Não, os operários pronunciaram-se contra a redução do reforço organizativo apenas aos "sindicatos", tão claramente expressa na frase precedente do sr. Iêjov.

Os operários pronunciaram-se não "contra os sindicatos", mas contra a deturpação liberal do carácter da sua luta, a qual impregna todo o artigo do sr. Iêjov.

O operário russo tem maturidade política suficiente para compreender a grande importância do seu movimento para todo o povo. Tem maturidade suficiente para compreender toda a falsidade, toda a miséria da política operária liberal, e ele sempre a rejeitará com desprezo.


Nievskaia Zvezdá, nº 10, 31 de maio (13 de junho, no calendário gregoriano) de 1908.

 

Notas:

[1] Trata-se dos acontecimentos nas minas de ouro na bacia do rio Lena, em 4 de abril de 1912: as tropas tsaristas dispararam contra uma passeata pacífica dos grevistas, que protestavam contra a prisão dos membros do comitê de greve. Estes acontecimentos serviram de estímulo ao reforço do ascenso revolucionário na Rússia; por todo o país alastrou uma onda de manifestações de rua e greves de protesto. (nota das Edições Avante!)

[2] Jornal publicado em Moscou de 1863 a 1918; expressava as opiniões da intelligentsia liberal moderada. A partir de 1905, o jornal foi órgão da ala direita do partido democrata-constitucionalista. (nota das Edições Avante!)

[3] Jornal diário, órgão central do partido democrata-constitucionalista. Publicou-se em Petersburgo de 1906 a 1917. (nota das Edições Avante!)

[4]Jornal legal dos mencheviques liquidacionistas; publicou-se em Petersburgo em maio e agosto de 1912. (nota das Edições Avante!)

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